Matéria exibida na manhã desta segunda-feira, 4, pelo Bom Dia Brasil, da TV Globo, voltou a enfocar o descaso com o armazenamento de remédios em Natal. Para quem pensava que o assunto havia sido esquecido essa é apenas uma prova que não.
Na Câmara Municipal, os vereadores da Comissão de Saúde aguardam relatório da sindicância aberta pela prefeitura para apurar o caso. Quem garante é o vereador Ney Júnior, relator da comissão.
Segue o texto da matéria exibida pela TV Globo, com reportagem de Michelle Rincon.
Remédios apodrecem em estoques da Prefeitura de Natal
O xarope indicado para problemas respiratórios andou em falta nas unidades de saúde de Natal. “Ficamos cerca de oito meses sem receber esse medicamento. Fazíamos o pedido e não vinha. Agora estamos vendo que tinha”, comenta a diretora do posto de saúde Altamira Galvão.
Tinha. E muito. As caixas do remédio pedido se acumulam em meio à desorganização do depósito municipal. Ao todo, 1,5 milhão de frascos de medicamentos com datas de validade vencidas vão para o lixo. Com a falta de ventilação, o mofo se multiplica, e os bichos tomam conta do pedaço.
A temperatura elevada e as péssimas condições de armazenamento geram ainda outro problema: a modificação das substâncias. Um soro glicosado, por exemplo, está dentro do prazo de validade, mas já não pode ser utilizado. O calor provocou a proliferação de micro-organismos.
“A temperatura fora das caixas chegava a 46ºC, e dentro, a 52ºC. Deveria ter, no máximo, 20ºC”, compara a chefe do setor de assistência farmacêutica Carla de Farias.
“O mínino que pode acontecer é não ter o efeito desejado, chegando ao agravamento do quadro clínico e levando o paciente a óbito, dependendo do quatro”, explica a chefe do Núcleo da Vigilância Sanitária Marlene Paiva.
O ex-secretário de saúde tentou se justificar: “Providenciamos a reforma do almoxarifado. Fizemos a adequação da parte elétrica. Colocamos ar condicionado e fizemos uma licitação. Houve a empresa ganhadora mas ela desistiu de fazer a reforma”, aponta o ex-secretário de Saúde de Natal Edmilson de Albuquerque.
A secretária municipal de saúde disse que contratou uma empresa para solucionar o problema e tomou providências para manter o abastecimento nas unidades básicas: “Esta empresa cuidará de toda a gestão de assistência farmacêutica do município de Natal”, diz a secretária de Saúde de Natal Lecy Gadelha.
O ministério da Saúde já tinha recomendado mudanças no galpão para armazenar os remédios. O Ministério Público está investigando o caso. “É possível dizer que vai se estudar uma possibilidade de reparação por dano coletivo”, afirma a promotora de Justiça Elaine Cardoso.
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