segunda-feira, 2 de maio de 2011

POTIGUAR TESTEMUNHOU ATENTADO DE BIN LADEN



O norte-rio-grandense, vereador Ney Lopes Junior, estava em Washington DC, capital dos Estados Unidos, na manhã do dia 11 de setembro de 2001, a cerca de dois quilômetros do edifício do “Pentágono” e testemunhou as trágicas proporções do atentado terrorista promovido pelo saudita Osama Bin Laden, morto nas primeiras horas de hoje pelas forças militares dos Estados Unidos. Ney Lopes Junior, à época cursava o Mestrado em Direito Econômico na “American University” e estagiava em marketing político, na “George Washington University”.

Ney Junior disse ao JH, que no 11 de setembro fatídico chegara à Universidade por volta de 7 da manhã e se instalara na sala de aula para a disciplina de economia latino-americana. “Em cada banco escolar havia uma TV. O professor solicitou que os alunos acessassem a CNN para discutir fato econômico concreto noticiado. Quando fazíamos a sintonia, todos deparamos com a notícia extra, de que um avião da American Airlines acabara de atingir as torres gêmeas em Nova York. As primeiras reações de alunos e professores eram de que se tratavam de cenas de Hollywood. Ninguém admitia que no coração do mundo - Wall Street, em Nova York -, alguém tivesse a ousadia de praticar tamanha selvageria” – afirmou.

A VEZ DE WASHINGTON DC

Minutos depois, a CNN dá outra notícia extraordinária, recorda Ney Jr. “Já era o segundo avião jogado contra o World Trade Center. Aí já se notava o pânico, com pessoas se jogando dos andares, fumaça, destroços. Neste instante, começou o pior momento para mim: propagaram-se boatos de que o próximo alvo seria Washington DC, a capital dos EEUU, com a explosão da “Casa Branca (residência do Presidente) e o Capitólio (Congresso), próximos de onde eu estava”.

Ney Jr confessa que se emocionou. Diante da ameaça, quase desesperou. “Não sabia o que fazer, nem para onde ir. De repente, ouvi grande explosão e densa fumaça negra cobrindo o céu. Um caminhão em disparada, cheio de explosivos, ultrapassou as barreiras de segurança do Pentágono e explodiu em seguida. De onde estava deu para sentir o calor das chamas. Disseminaram-se medo e insegurança. Ouviam-se gritos de pessoas chorando e rezando. Dizia-se que começara a III Guerra Mundial. Outros afirmavam que o rio Potomac – que abastece de água a capital americana- estaria contaminado e que a guerra seria biológica, além de alvos militares” – disse Ney Jr.

PENTÁGONO: FORTALEZA DE PEDRA

O vereador prossegue o seu relato: “a Universidade foi evacuada pela Polícia, que chegava ao local. Fui ao pátio e peguei o carro com a intenção de voltar ao meu apartamento. Levava 15 minutos, no máximo, neste trajeto. Naquele dia, foram mais de cinco angustiantes horas, até chegar em casa, tal o congestionamento de pessoas e veículos, além de forte esquema policial nas ruas”.

“Realmente, a intenção dos terroristas era explodir a Casa do Presidente e o Congresso. Isso não ocorreu, porque a Força Aérea identificou o avião seqüestrado. A versão é de que os passageiros explodiram o avião. O fato é que não foi atingido totalmente o objetivo dos seguidores de Bin Laden”- disse Ney Jr..

Ney Jr mencionou que vinha diariamente para a Universidade, sempre passava em frente ao Pentágono e “admirava aquela fortaleza de pedra, onde se localizava o maior poder bélico do mundo, com armamentos moderníssimos e que naquele instante estava envolto em chamas”.

O QUADRO DE DESESPERO

Cenas de constrangimento “que recordo, se relacionaram com os colegas árabes e muçulmanos, que comigo faziam o mesmo curso de mestrado. Eles foram revisados e isolados pela Polícia. Nenhum tinha culpa. Já se sabia aquela altura, que o ataque fora comandado por árabes”- citou Ney Jr.

“Nas ruas o povo a pé, outros em automóveis, apelos dramáticos, orações de joelhos, inclusive de muçulmanos. Foram cenas que jamais esquecerei. Parecia um filme de terror. O meu apartamento era distante cerca de cinco quilômetros da Universidade. Os carros buzinavam. Os táxis não atendiam aos chamados. As linhas de ônibus e o metrô parados. As ligações telefônicas suspensas. Perdi a comunicação com o meu pai, que ligava minuto a minuto, através do celular, sabendo notícias. Nunca sofri tanto na vida. A sensação era de alguém abandonado, diante de uma guerra atômica iminente. As ruas ficaram desertas por mais de uma semana, depois dos atentados. As rodovias, o metrô o porto de Baltimore, que abastece Washington DC, tudo foi interditado. Abriam as portas apenas farmácias, super mercados, o essencial para a sobrevivência da população. As aulas da Universidade foram suspensas por mais de 15 dias. O povo estampava o medo e o pânico na face. Ninguém confiava em ninguém. Cada um era terrorista em potencial. Experiência muito difícil e torturante esta que eu vivi no 11 de setembro de 2001, em decorrência das ações terroristas lideradas por Bin Laden e seus seguidores” – arrematou o vereador natalense Ney Lopes Júnior.

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