terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ney Lopes Jr : "Obama muda o discurso"

O vereador Ney Lopes Jr. escreve direto dos Estados Unidos sobre o curso que está participando em Washington.


"Washington DC (Via Internet) – Depois de tumultuada viagem aérea, finalmente cheguei à capital dos EEUU. Revi a cidade onde passei quase três anos da minha vida, fazendo curso de pós graduação em “Direito Econômico”, na American University e George Washington University.

A partir desta segunda, estarei de novo na Universidade George Washington (www.gwu.edu) para participar do “curso intensivo de formação política e administrativa”, ministrado em parceria com a Fundação Liberdade e Cidadania/Instituto Tancredo Neves, instituições vinculadas ao DEM.

O grupo de brasileiros tem mais de 40 deputados federais, estaduais, prefeito e vice, vereadores e convidados do DEM. Com muita honra, fui designado o coordenador de todos os participantes.

Curiosamente, um dos primeiros temas em debate é o meio ambiente e desenvolvimento. Os jornais norte-americanos deste último domingo, abordaram a presença do Presidente Obama na Ásia e as conseqüências para a próxima Conferência de Copenhagen sobre questões ambientais.

Obama muda o discurso da campanha e anuncia que os EEUU não assinarão em dezembro próximo, nenhum tratado definitivo acerca dos chamados “gases estufas”. Na China, o governante norte-americano colocou “água na fervura”. Tudo leva a crer que Copenhagen terá o mesmo destino de Kyoto.

O Protocolo de Kyoto – assinado à época por 84 países - previa a redução em aproximadamente 5,2% dos chamados gases do efeito estufa na atmosfera (período entre 2008 a 2012) e também criar formas de desenvolvimento sustentável para preservar o meio ambiente. Nada foi cumprido.

Agora - mesmo laureado com o Prêmio Nobel da Paz - Barack Obama desacelera qualquer possibilidade de adesão dos EEUU a programas de mudança no clima. A justificativa é de que, cumprir as metas estabelecidas, compromete o desenvolvimento econômico. Os comentários da imprensa local são contraditórios.

Para que o planeta reduza as emissões globais até 2020 e em 50% até 2050 (em relação aos níveis de 1990) é preciso esforço das nações industrializadas, que devem baixar de 25% a 40% suas emissões, até 2020.

Obama mandou o aviso para o mundo, justamente na visita que faz à China, país hoje responsável pelo maior volume de emissões (22%). A fala do Presidente americano reflete a realidade inquestionável, de que os governos não controlam as emissões. Os governos controlam a política e a economia, porém é a economia que produz as emissões.

Somente será possível resolver o problema do aquecimento global, através de tecnologias de produção, absolutamente inovadoras. Por tal motivo, Barack Obama decidiu, ontem, adiar a difícil tarefa de alcançar acordo para o clima. Isto quer dizer, que a conferência de Copenhagen resultará apenas em uma declaração "politicamente vinculante", deixando os pontos mais difíceis para mais tarde.

A leitura dos jornais e a TV americana constatam a impossibilidade dos representantes das 192 nações se entenderem em Copenhagen. O abismo entre os países ricos e pobres é muito grande.

Os EEUU, por outro lado, declaram ser impossível o Congresso aprovar legislação, que inclua metas obrigatórias de cortes de gases-estufas no país. Percebo, aqui de Washington DC, que a conferência de Copenhagen - marcada para dezembro próximo - já nasce morta. Será tão inútil em matéria de preservação do meio-ambiente, quando foi a de Kyoto no Japão, em 1997. Infelizmente!!!!"

Ney Lopes Júnior – Jornalista, advogado e vereador em Natal -(Amanhã novo artigo direto de Washington DC

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