quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ney Lopes Jr. : "Natal no dia após a Copa de 2014"

O vereador Ney Lopes Jr. escreve direto dos Estados Unidos sobre o curso que está participando em Washington.


"Washington DC (via Internet) – Nesta segunda feira, 16, voltei à convivência do “campus” da “George Washington University”, onde se realiza o curso intensivo de formação política e administrativa que participo. Divido com essa Universidade e a “American University”, as lembranças dos anos em que aqui estudei. Encravado no centro da capital americana, o campus (23 hectares) se confunde com o dia a dia de Washington DC.

Na sala de aula, o aparato usual. Em cada assento, o computador permite acesso à Internet sem fio para anotações; informações de interesse e notícias. Foi num lap top desse tipo, que na manhã do 11 de setembro de 2001 li a notícia sobre o ataque às torres gêmeas em Nova York e o anuncio de que os terroristas se dirigiam para Washington DC.

Minutos depois, aflição geral quando invadiu a sala de aula o barulho ensurdecedor do ataque ao Pentágono (o centro de segurança dos USA), a menos de dois quilômetros de onde estava. Triste recordação!

Voltando ao momento presente, o curso começou com um tema quente e atual – “a contribuição do turismo internacional para o crescimento da economia”-, sobretudo para quem é de uma cidade turística como Natal. Ouvi atentamente a exposição do professor Dr. Don Hawkins, doutor em turismo. Participei dos debates e dividi as informações on time no tiwitter.

Destaco algumas observações feitas. Há entendimento pacífico, de que a “parceria público-privada” é fundamental para o desenvolvimento do turismo. Acendeu-se a luz vermelha, quando o professor informou que o comitê organizador da Olimpíada de Londres de 2012, já prevê “pipoco” no orçamento inicial.

Os R$ 9,7 bilhões iniciais se transformaram em R$ 21,4 bilhões, por erro inicial na avaliação de gastos, situação agravada pela crise econômica mundial e a diminuição dos investimentos privados. A grande pergunta aos governantes e investidores é a seguinte: "e depois da Copa, ou Olimpíadas? Tudo vira elefante branco?”. Lembrei o Rio de Janeiro, que sofre tais efeitos, por ter sediado o “XV Jogos Pan-americanos”, em 2007.

Boa indagação no caso da demolição do Machadão e a construção da suntuosa “arena das dunas”, custo total de R$ 1.5 bilhões.Citou-se o exemplo da Coréia do Sul, conhecida por vultosos investimentos no turismo. Mostrou-se que essa estratégia não teve fins econômicos, mas sim melhorar a imagem do país perante o resto do mundo.

Outro tópico abordado foram as experiências dos investimentos em "The Beijing Bird's Nest", "Stadium Australia e "Olimpíadas em Athenas", que não alcançaram o êxito desejado. A conclusão é a necessidade de previsão do “dia depois” para os patrocinadores de eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas.

Aconselhou o professor Don Hawkins, que o incremento do turismo deve obedecer a princípios com visão global, sem perder de vista o contexto local; planejamento estratégico e a exata percepção daquilo que os turistas esperam ver e sentir na cidade visitada. Eles não podem sair frustrados. Precisam voltar para dá sustentação econômica aos investimentos. Não há turismo positivo, sem que exista boa qualidade de vida da população local. É necessariamente um pré-requisito fundamental.

Por fim, concluiu-se no debate, que é melhor ter menos turistas que gastem mais, do que muitos turistas que não gastam... Isto é um fato!!!! Boas as lições que recebi sobre turismo. Espero aplicá-las no meu mandato de vereador para encontrar a resposta sobre o que fazer com os investimentos aplicados “no dia após a Copa de 2014”. (Amanhã novo artigo direto de Washington DC)."

Ney Lopes Jr. – jornalista, advogado e vereador em Natal – neylopesjr@uol.com.br

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