CARTA À NEY LOPES JR.
Ney Lopes - jornalista, advogado e ex-deputado federal – nl@neylopes.com.brr – www.neylopes.com.br
Você obteve 6.999 votos como candidato a deputado estadual. Fez campanha limpa e se credenciou pelo trabalho concreto. Em um ano e meio como vereador em Natal aprovou 23 leis em vigor, a favor do cidadão. Apresentou proposta com 25 leis inovadoras para o RN. Terminou a campanha sem aliciar apoios, a peso de ouro.
Sempre estive ao seu lado. Contou com a ajuda da abnegada equipe “onda laranja”, que acreditou ser possível o eleitor fazer a mudança. Buscou conscientizar a população do valor do voto. Falou direto ao povo, nas cidades e esquinas. Enviou cartas e distribuiu panfletos, com prestação de contas do seu trabalho legislativo.
Ao final, percebeu ter sido ingênuo. O quadro eleitoral revelou as lágrimas da nossa democracia. Os padrões políticos nada mudaram, salvo poucos votos conscientes, que não decidem. Tudo piorou, se comparado com as campanhas passadas. Antes, conseguiam-se votos pelo convencimento.
Atualmente, estando fora do governo, sem apadrinhamento, herança financeira, ou sem mandato, não dá para se eleger. Praticamente, acabou o voto de opinião e de gratidão, dado pelos beneficiários do trabalho feito, ou das propostas sérias. Salvo raras exceções, o candidato “competente” é aquele que fecha os “currais eleitorais”, com sacolões de dinheiro, poder político, aulicismo, ou o estilo “Tiririca”.
No “Aurélio” eleitoral mudou o significado da palavra competência. A maioria vitoriosa jamais fará a reforma política. Sentimos o impacto do resultado final, das deserções e das muitas humilhações. Como seres humanos, ficamos decepcionados e chocados. Já passei por tudo isto e venci. Cheguei seis vezes ao Congresso Nacional. Num estado conservador como o nosso, a história da minha vida pública comprova a existência de Deus!
Deixei-lhe a herança política da lealdade e do dever cumprido. Como não somei “moedas” nesta herança foi impossível amealhar votos a seu favor. Não se revolte, desespere, ou carregue mágoas. Sei que são duras as marcas da injustiça, da indiferença, da desconfiança, da inveja, das ingratidões e das ausências. Ensinei-lhe as virtudes da solidariedade e fidelidade. Talvez, duvide se ao invés de cultivá-las, tivesse sido melhor alegar “sobrevivência” e negar estes princípios.
Asseguro-lhe ser mais correto agir como agiu. Cedo ou tarde, o tempo mostrará a fisionomia verdadeira das pessoas. Deus existe e sabe o que faz! Ele consente em que tudo aconteça para indicar o caminho da perseverança. Cultive a humildade cristã. A política é feita de sucessos e insucessos. Aprenda com a derrota. Cumprimente os vitoriosos. Não culpe ninguém. Como único vereador do DEM em Natal, obedeça à disciplina partidária e apóie José Serra, neste segundo turno. Não tenha pressa.
Volte à Câmara Municipal e continue o seu trabalho de vereador. Assuma a partir de 2011, a vice-presidência da instituição. Em 2012, tente a reeleição e se submeta ao julgamento popular. Os que confiaram em você merecem respeito. Dos 167 municípios do estado, foi votado (muitas vezes apenas um voto) em 141. Veja que cidadãos de boa fé lhe ouviram, no RN. Foram poucos, mas persista. Martin Luther King disse que “o que mais preocupa é o silencio dos bons”!
O meu conselho era que exercesse as profissões de advogado e jornalista. Quis ser político. Por isto, conte sempre com a minha solidariedade, da sua mãe, avó, irmãs, sobrinhos, cunhado, familiares próximos, alguns amigos, do seu partido e grande número de eleitores anônimos.
Se convença de que “maior do que a dor de não ganhar seria a vergonha de não ter lutado”. Siga em frente, de cabeça erguida. Lembre-se dos Coríntios, 9: "É preciso vontade, disciplina, unidade e determinação, abnegação e caráter distintivo para combater o bom combate e vitória na corrida da vida”.
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