terça-feira, 21 de agosto de 2012

Discurso da Solenidade em Homenagem ao Dia Maçom


Senhoras e Senhores,

Reúne-se a Câmara Municipal de Natal para homenagear o dia Maçom. Honra-me duplamente, na condição de vereador constitucional desta cidade e membro da Maçonaria, dirigir a minha saudação nesta oportunidade.

Devo confessar inicialmente que o exercício do meu mandato popular inspira-se nos ideais supremos da Maçonaria. Sabe-se que a Ordem Maçônica Universal tem o secular propósito de preservar os valores profundos da Liberdade, Igualdade, Fraternidade, da Fé, Esperança e Caridade para todos os povos, sem distinção de fronteiras, convicções políticas ou religiosas.

A vida em mundo globalizado, onde as convergências e divergências afloram no dia a dia dos povos e das nações, conforta enaltecer e proclamar, que a Maçonaria dissemina a prática de princípios elevados da prevalência dos valores humanos e que, mesmo diante das vicissitudes, a credibilidade dessa causa maçônica não esmoreceu.

A razão maior está em suas origens. A Maçonaria é a mais antiga organização fraternal para os homens no mundo, e a sua estrutura organizacional mostra a sua unidade. O maçom é sinônimo do pedreiro-livre da Idade Média. Aqueles que construíram a maioria das catedrais góticas, castelos, palácios e prédios públicos na Europa continental e na Inglaterra. A marca desses pedreiros era a liberdade que cultuavam. Jamais foram servos. Viajaram de um país para o outro e se mantiveram sempre unidos pelas associações de auxílio mútuo, constituídas no período medieval, até aproximadamente o século XVI.

Com o fim do período de construção das grandes catedrais, em 1717, foi fundada em Londres a primeira loja maçônica do mundo. Ainda no século 18, em 1723, foi promulgada a primeira Constituição Maçônica, elaborada pelo reverendo anglicano James Anderson. O objetivo era, portanto, unir os homens. Desde os seus primórdios a Maçonaria respeita as opiniões políticas, as crenças religiosas de todos os homens. Caracteriza-se como uma instituição extremamente tolerante, em função da liberdade do homem. Combate a ignorância, a superstição e o fanatismo. Além disso, a Maçonaria é essencialmente filantrópica, filosófica e luta pelo progresso do homem na sociedade.


Senhoras e Senhores,


Quando no início deste discurso referi-me a influência dos ideais maçônicos no exercício da minha vida pública, vinculei tal propósito ao fato de que o Maçom, sendo um pedreiro, é um permanente construtor social. Todos nós temos a plena consciência, de que somente atingiremos os nossos objetivos, através do sentimento da solidariedade e do amor fraternal, formando um grande universo de defesa dos direitos humanos e combate sistemático à injustiça.

A missão do Maçom é lutar pela prevalência da dignidade humana, da justiça, dos valores morais e a responsabilidade com a Nação em que vive. O maçom não convive com ações sociais que violentem os princípios básicos da dignidade, do respeito e da honestidade de conduta.

No Brasil é marcante a presente da Maçonaria, que chegou no início do século 19. As primeiras lojas maçônicas foram formadas por brasileiros que voltavam da Europa. O primeiro grão-mestre foi o patriarca da independência, José Bonifácio de Andrada e Silva.

 Além de lutar pela independência do país, a ordem maçônica defendeu a abolição da escravatura e a proclamação da República, e também esteve presente em outros fatos históricos importantes para o país. Em outros países, a maçonaria participou de movimentos libertadores e sofreu perseguições políticas. No início de 1934, após a ascensão de Adolf Hitler, na Alemanha, houve perseguição, destruição de livros e templos maçônicos na Alemanha, Holanda, Noruega, Bélgica e França. A Grande Loja Simbólica da Alemanha foi dissolvida por Hitler e o Partido Nacional Socialista alemão lançou um manifesto contra a Maçonaria.


Meus Irmãos e Cunhadas,

O maçom e escritor António Arnaut resumiu os ideais maçônicos, ao escrever que “A Maçonaria é uma Ordem iniciática e ritualista, universal e fraterna, filosófica e progressista, baseada no livre-pensamento e na tolerância, que tem por objetivo odesenvolvimento espiritual do homem com vista à edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária.”
Diria que, em verdade, o maçom inspirado naqueles que construíram catedrais e palácios na idade média, jamais se afasta do sonho universal que lhe permita, a passo de gigante, contribuir decisivamente na sociedade contemporânea para eliminar a fome, a miséria, as desigualdades sociais e a intolerância.
O compromisso maçônico com a liberdade humana está espelhada no depoimento do escritor português Fernando Pessoa, quando proclamou em histórico artigo publicado em Lisboa, nos tempos da ditadura de Antonio Salazar, que a ignorância sempre está associada aos que se colocam como anti-maçonaria. Mais adiante afirma: “Não sou maçon. Não sou, porém, antimaçon, pois o que sei do assunto me leva a ter uma idéia absolutamente favorável da Ordem Maçônica”.

O artigo de Fernando Pessoa não deve ser considerado apenas uma defesa da Ordem Maçônica. Constituiu uma defesa dos ideais que são considerados democráticos, tais como, as liberdades civis e individuais. Nesse artigo Fernando Pessoa também faz a defesa da liberdade de pensamento, de expressão e de livre reunião. O escritor se opôs, de forma direta, clara e aberta, à ditadura de Salazar, que tomava consistência em Portugal.

Ao longo da história a Maçonaria sempre contribuiu para um mundo melhor, mais humanista e solidário. A prova é que em seus quadros existiram figuras emblemáticas na história universal, como, Voltaire Goethe, Beethoven, Mozart, Napoleão, Bolívar e Dom Pedro I .

No Brasil, Deodoro da Fonseca, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, Floriano Peixoto, Prudente de Morais, Marques de Sapucai, Campos Salles, Nilo Peçanha, Antonio Carlos de Andrade,Barão de Cotegibe e Joaquim Nabuco.

Senhoras e senhores,

Gratifica-me este ato solene na Câmara Municipal de Natal. Recordo nas minhas raízes a figura do meu bisavô, Manoel Cassimiro de Andrade, que não conheci, mas por informações familiares, sei que ele dedicou quase toda a sua vida aos ideais maçônicos, galgando vários graus e o respeito dos companheiros.

Ingressei na Maçonaria, quando residia em Brasília, acompanhando meu pai, então deputado federal. Lá absorvi os princípios e os compromissos, que até hoje norteiam a minha ação.

A data dedicada à Maçonaria é destacada no calendário de eventos dessa Casa do povo. Saudamos e agradecemos a presença dos convidados e dos irmãos maçons, que prestigiaram esta solenidade.
Como palavra final de homenagem lembro um personagem histórico, que é bastante caro e importante a toda Ordem Maçônica: o Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários Jacques de Molay, que morreu executado na fogueira da Inquisição.
"Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos: a IGNORÂNCIA, o FANATISMO e a TIRANIA".

Agradeço a todos. E que o Grande Arquiteto do Universo nos proteja e continue a nos dar forças para continuar, nos caminhos da vida, lutando incansavelmente por uma sociedade mais justa, humana e solidária.

Recebam todos o meu Tríplice Fraternal Abraço, em nome da Câmara Municipal de Natal, nesta Sessão Solene de minha autoria que tenho a oportunidade de homenagear todos os meus irmãos maçônicos.

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